- ENSAIO SOBRE A “NOBREZA” DO TRABALHO
André Costa Nunes
tipoassimfolhetim…
Aldeia no Xingu
O ÍNDIO É INDOLENTE
Está provado. Todo mundo sabe que o índio brasileiro é indolente.
Tem mais alguns adjetivos que parecem redundância, mas são bem pertinentes e enriquecem a tese.
O índio é vadio, preguiçoso, não gosta de trabalhar, aliás, o negro também é chegado ao ócio. E o branco, o amarelo, até o azul.
Eu também!
Quem simplesmente gosta de trabalhar é doente. A não ser que haja caído na velha falácia de Confúcio: escolha um trabalho que lhe dê prazer e nunca terá que trabalhar por toda a vida. Isto é conversa para filósofo rico. Pobre e vassalo não têm escolha.
Compreende-se que um professor, um jornalista, um médico, um artista, trabalhador intelectual – evidentemente, até por definição, elites da sociedade humana – sintam, eventualmente, algum prazer e muita realização no “trabalho”, mas isso nunca ocorrerá com o operário. É muito difícil sentir prazer em quebrar pedra, carregar tijolo, dirigir um ônibus no trânsito de Belém, capinar um roçado de mandioca em baixo de um sol escaldante, carregar e descarregar mercadoria nos armazéns e cais da vida. Empregada doméstica que dorme no emprego, então…
Isso, sem falar em trabalho escravo. Institucional, ou, não. Até ontem, o escravagismo era praticado em todas as nações do mundo. E era legal, ético e moral. Inclusive o tronco e a chibata.
De repente, como um axioma, determinou-se, não sei quando, nem quem, “que o trabalho enobrece e dignifica o homem”. Com certeza deve ter sido formulado pela classe patronal e por sua aliada natural, a religião. Qualquer uma.
Foi assim como uma lavagem cerebral histórica que permeou corações e mentes de toda a humanidade desde o começo dos tempos. Dogma.
Durante muitos anos lutei contra esse desígnio de uma força quase superior a mim.
Escondi ao máximo de todo mundo. E acho que o fiz tão bem que terminei convencendo as pessoas que eu era bom de trabalho e mesmo até gostava.
O pior é que o embuste me convenceu. Virei um viciado em trabalho. Um tal de “work-a-holic”. Fui além daquela história da mulher de Cezar às avessas: primeiro aparentar depois ser. Dizem que os paulistanos são craques nisso.
Demorou a cair a ficha. Foi quando resolvi contestar essa história de que o índio é preguiçoso.
Trabalhei como um mouro (!) por mais de cinqüenta anos. Poucas vezes tirei férias. E, nesses raros momentos de gozo, quando não estava porre, sentia-me como um estudante adolescente a gazetear aula. Culpado de alguma coisa.
Aos setenta e três continuo trabalhando, agora, como sempre, por necessidade de sobrevivência. A grande diferença é que não tenho mais que provar nada a ninguém.
Dane-se!
Darwin que me perdoe, mas a teoria criacionista é perfeita para corroborar minha tese.
Deus quando fez o Mundo – vamos pular aquela baboseira do Gênesis, do caos, seis dias de criação e no sétimo descansou etc. – começou logo com o Éden. Paraíso perfeito. Com tudo que era de bom, belo e do bem – com exceção da cobra, é claro, mas disso, fala-se mais tarde.
Pois bem, esse Paraíso, depois de muito matutar, cheguei à conclusão de que só poderia ser a Amazônia. Pensem bem, onde mais neste mundo um casal de humanos, jovens, perfeitos, lindos, até por falta de paradigma, poderia sobreviver nu, ainda sem fogo ou vestes para se aquecer, nem mesmo aquela folha de parreira para esconder as vergonhas, e que nem eram vergonhas? Tudo era harmônico. Temperatura média de vinte dois a vinte quatro graus (antes do aquecimento global), sem neve, deserto ou montanhas geladas, ou avalanches, tsunamis, terremotos, vulcões? Onde a primavera, atropelando o verão e o inverno, se funde com o outono e tem flor, fruta, folha e raiz o ano inteiro? Rio, cachoeira, sombra, caça e peixe, então, nem se fala.
É, meu senhor, Deus foi sábio. Não se sabe se Ele fez este paraíso para acolher o homem, a obra prima da criação, ou se fez a Amazônia, bela pela própria natureza, com um fim em si mesmo. Depois, pode ter achado um desperdício não haver quem desfrutasse desse éden que, afora paraíso, não tem sinônimo. O é por definição. E não deixou por menos, os fez à sua imagem e semelhança. O que prova que Deus é Adão e é Eva. Homem e mulher. Simples, assim.
O Éden, não dá para não ser aqui. Ainda não havia o Velho Mundo, claro, civilizado, a nos infectar com sífilis, tuberculose, lepra, tifo, malária, gripe, gonorreia cancro mole, cancro duro, cavalo de crista, HPV, leishmaniose, febre amarela, depré, stress, tifo, cólera, micose e, diz-que, até piolho.
Penicilina não fazia falta.
Pasárgada é pinto. Pense em um lugar com Algodoal, Atalaia, Joanes, Alter do Chão, o Xingu de cabo a rabo, antes da barragem, Tocantins, Tapajós, antes da barragem, também, Curuá, Trombetas, Mamirauá, Anavilhanas e um mundo de igarapés, inclusive o Uriboca. Tudo isso sem aquelas pragas estrangeiras. Nesse ponto acho até que o tal de Erich Von Daniken tem razão. Isso veio de outro mundo, não foi feito pelo Homem.
Não sei como, nem porque, os dois foram expulsos da Amazônia. Para onde, não se sabe, mas eles devem ter aprontado feio. Essa história da cobra e da maçã, não convence, até porque por aqui não vinga macieira. Se fosse pelo menos, abricó, cupu, bacuri ou pupunha, eu até me calava, ah! Pupunha não pode, pois tem espinho até na palha.
Pelo menos as nossas e não dessas umas importadas da América Central criminosamente pelos projetos Sudam para produzir palmito. Secas, intragáveis e que já cruzaram com as nativas.
Mas vamos ao causo, já que a história da cobra e da maçã está descartada. Outra versão é a dos pervertidos de que foi porque o Adão conheceu (no sentido bíblico) à Eva. Essa não se sustenta por todos os motivos do mundo. Afinal quando o Homem os fez, fez um casal. Um macho e uma fêmea. Ele, literalmente, um deus, ela, a mulher mais bonita do mundo, única, e disse, crescei e multiplicai-vos. Pronto. Neste momento, sem a proveta, a fornicação estava liberada.
Não, o motivo tem que ser outro. Nem atino qual seja. O que se sabe, ao certo, é que eles foram expulsos da Amazônia, isto é, do Éden (depois seus descendentes voltariam como penetras).
E foi o próprio Todo Poderoso quem os expulsou. Nem mandou um anjo ou arcanjo, como sempre foi seu costume e, pessoalmente lhes impôs o pior castigo que podia conceber:
Ganharás o pão com o suor do teu rosto!
Pronto. Agora entramos no cerne da questão. O que se leu até agora, com mil perdões, foi, como se dizia antigamente, nariz-de-cera.
O busílis está nesta frase simples e direta. Quase nada. Apenas um carão.
Estava inventado, por Decreto Divino, o trabalho. A pior das penas que podia imaginar o Omnisciente. Revoguem-se as disposições em contrário.
Ganharás o pão com o suor do teu rosto!
Com este eufemismo, como também é Seu costume de dizer as coisas, Deus criou o trabalho. E o fez de maneira terrível. Ninguém tem dúvida de que foi uma maldição, uma praga. A primeira de que se tem notícia.
E todo mundo sabe que praga de mãe pega.
E foi praga de mãe, pois já se viu que Ele é homem e é mulher, logo, Ele é pai e Ele é mãe.
O Homem devia estar tão decepcionado com os filhos, que, irado, por uns tempos, os deixou a própria sorte.
E aí, foi-se formando, naturalmente, a descendência.
Consta que, no princípio, a relação de produção, à moda dos índios do Xingu, de antigamente, claro, era rigorosamente comunitária. Primitivamente comunista. Ninguém produzia, caçava ou pescava para si, mas para toda a aldeia. Mas como devaneia Paul Nikitin, isto durou enquanto as pessoas perambulavam vivendo da coleta, da caça e da pesca, exatamente como os índios brasileiros, até há bem pouco tempo.
Quando houve a evolução, diz-que, civilizatória, e eles se fixaram ao solo, mercê da agricultura, a coisa começou a se complicar. Ao contrário da castanha-do-pará, do bacuri, do cupu, do açaí, dos peixes e da caça, a agricultura é imprevisível. Depende de muitos fatores condicionantes. Principalmente, por estas bandas, da chuva e da estiagem. Assim, se em um ano a colheita foi fraca, a tendência normal é plantar uma área maior no ano seguinte.
Aí, criou-se um excedente de produção, um tal de “plus produit”, que ouvi faz muito tempo nas aulas de marxismo em um barracão no quintal da casa do pai do Bira e do Alfredo Oliveira. Na clandestinidade.
Quando alguém se apropriou desse excedente, que não fazia falta ao resto da comunidade, este alguém, ou grupo passou a ter poder de barganha, ou de troca com os excedentes de outros tipos de produtos de comunidades próximas.
Isso pode haver acontecido naturalmente, por gravidade, por esperteza ou, mais provavelmente, pela força.
Estava criada a primeira casta! Alguém que tinha mais do que os outros livrou-se da maldição de ter que trabalhar. Podia comprar a força de trabalho de outrem com o produto que entesourara e não produzira.
Daí para cacique, tuxaua, soba, régulo, faraó, rei, imperador e dignitários de toda ordem, foi um pulo. Naqueles tempos esses pulos duravam milhares de anos, mas não deixa de ser um pulo.
A outra casta, sem a força, apelou para a astúcia. Disse-se portadora da palavra de Deus e aliou-se àquela uma, a da força. Evoluíram irmanados, mantendo sempre a variação sobre o mesmo tema, de pajés, feiticeiros e xamãs, para sacerdotes, monges, lamas, padres, pastores, bispos, papas e quejandos.
O Homem até que tentou dar mais uma chance a seus rebentos. Experimentou colocar um monte de gente por quarenta anos no deserto, sem precisar trabalhar. Bastava desejar e a comida caia do céu em forma de maná.
Tentou também botar ordem na casa fazendo uma lei com dez artigos, que tirante um que outro, caberia, até hoje na constituição de qualquer nação. Talvez houvesse muito mais artigos nas tais Tábuas da Lei, e aquele tempo todo que Moisés passou no Monte Sinai teria sido negociando politicamente o consenso possível. Mas entre discussões, lobbies e vetos, o pouco que trouxe, até hoje, está de bom tamanho.
O certo é que parece que não conseguiu revogar aquele decreto de ter que trabalhar para viver.
Ganharás o pão com o suor do teu rosto!
Mas, ao que tudo indica, Moisés conseguiu já pelo cansaço, que Deus delegasse a alguns “homens de boa vontade” que fizessem a regulamentação da Lei Primeira. Aquela uma que diz: vai trabalhar vagabundo! Ou, mais consuetudinariamente com o linguajar bíblico, “ganharás o pão com o suor do teu rosto!”, que ficou com a seguinte redação:
Ganharás o pão com o suor do teu rosto vírgula a não ser que sejas patrão!
Dizem que, quando esta lei foi promulgada at urbi et orbi, logo se propôs para quem a infringisse, que a pena seria arder nas chamas do inferno, sem prejuízo das sanções terrenas que, como se vê, até hoje, são terríveis.
Não está bem explicado como, para aquelas bandas, em que momento se processou a dicotomia entre quem ia mandar trabalhar e quem de fato trabalharia para, segundo o Decreto Divino modificado pela Lei Complementar Mosaica, ganhar o suado pão. Para os dois. Patrão e empregado. Rei e vassalo. Os tais dignitários de toda ordem e os servos. Enfim, o arremedo de Estado e sua hierarquia. O chamado Poder Temporal.
Aí entrou a astúcia ou a grande sabedoria daquela outra turma de iluminados, decodificadores dos desígnios de Deus que sabiamente descobriu a hereditariedade. Quem descendesse em linha direta de Adão, assumia o Cetro, ou a Vara Real. Afinal, ele tinha sido o primeiro e único dono do Mundo. O primeiro rei, e era natural que sua descendência herdasse o trono. E tudo era facilitado pela Lei da Primogenitura, isto é, somente o filho mais velho tinha direito à herança. Por pressuposto, a mulher não contava.
Desta maneira, o rei e seu séquito eram os donos do Estado. Território e suas gentes.
Girando rápido o relógio da história, por absoluta necessidade administrativa, esses cortesãos receberam delegação real e divina para gerir os negócios do Estado em cantões específicos. Principalmente arrecadação de tributos e defesa. Não era bem uma descentralização do Poder que era absolutista, mas ao fim e ao cabo, já a definição clara de quem devia trabalhar para quem. Quem ia ganhar apenas a metade do pão conseguida com o suor do próprio rosto, como decretado no início de todas as coisas.
Quem era patrão e quem era empregado.
Essa evolução maniqueísta permeou todos os povos e nações do mundo à exceção, diz-que, dos esquimós, de algumas ilhas da Polinésia e do Caribe e todos os índios do Brasil até o século XVI com a chegada do colonizador Europeu.
Até então o índio brasileiro, não tinha a mais rudimentar noção de Estado.
Não eram puros nem santos. Talvez ingênuos. Eram naturalmente antropófagos, porque não tinham nem um motivo para dispensar uma boa e fresca proteína animal. Faziam escravos os prisioneiros de guerra. Também nem imagino como essa escravidão se processava nem para que. De repente era pura sacanagem dos costumes de, sem maldade, subjugar os mais fracos, como sempre fizeram com as mulheres. Até hoje todo o trabalho pesado da aldeia é obrigação das cunhãs.
Sabemos que é um costume natural, atávico. Nada a ver com o instinto animal de atacar o mais fraco para sobreviver. No caso, de maneira magnânima, respeitamos e dizemos apenas que é cultural. Eu acho que é escroto.
O índio tem carradas de atenuantes a seu favor, inclusive o desconhecimento, quando havia, de outra norma, outros costumes, até porque sua inserção, ou mesmo conhecimento do mundo dito civilizado, não foi evolutivo, natural, conquistado, mas deu-se aos saltos e sempre no intuito de sua espoliação. O que também era natural, ético, moral e legal. E, mutatis mutandi, quanto às mulheres, o comportamento dito civilizado, não era tão diferente assim. Minha mãe há muito já era adulta quando lhe concederam o direito de votar. Isso, sem falar que metade da população do planeta, também por motivos diz-que culturais e religiosos, impõe à mulher condição até mais infamante. Estes por se dizerem civilizados são bem mais escrotos, não merecem o entendimento de magnanimidade. O índio ao se confrontar com outros comportamentos que não aqueles, não tem a mínima dificuldade em mudar seus hábitos, sem sequer arranhar sua identidade. Eles não possuem a praga do fanatismo religioso. Pelo menos os ainda não evangelizados.
Mas vamos voltar à história do prazer de trabalhar e ganhar o pão com o suor do próprio rosto.
Esqueçamos por um momento essa coisa de exploração do homem pelo homem, mais valia, e “otras cositas más”.
Não vivemos no mundo que queremos, mas o que nos foi legado e formatado ao longo da história por elites que o queriam exatamente assim.
É injusto, mas é o único que temos. O outro mundo, o justo, existe e foi inventado com magistral proficiência pelos decodificadores dos desígnios de Deus exatamente para coonestar o poder daquela outra casta de que falamos no início. É metafísico, transcendental, acessível a todos os homens e mulheres independentemente de sua condição social ou posição na cadeia produtiva. Reis e servos de boa vontade e que tenham fé. É preciso sofrer neste para usufruir daquele.
Aquele um é tão perfeito e conveniente que não interfere ou mesmo se toca com o mundo terreno em que vivem os mortais. Não muda o modus vivendi et operandi das herdades e de sua relação de produção. Como se disse, é apenas conveniente.
Esta é, pois, a ordem natural das coisas. Qualquer tentativa de mudança, por menor que seja, há que ser execrada por subversão à ordem constituída baseada na Verdade Revelada.
Mas o homem, dotado de inteligência e habilidades que o diferenciam dos demais animais tem como destino inexorável a evolução, pela própria dinâmica dialética da história.
Aí, sem o Paraíso e sem maná do céu, há que suprir-se de alimentos e outros bens materiais que se lhe amenizem o viver. Isto é, tem que trabalhar. Ou seja:
Ganhar o pão com o suor do próprio rosto!
Isto, até que de todo não é mau, não que seja prazeroso principalmente depois do aditamento patronal, mas pela realização pessoal. E isso só se consegue quando se trabalha para si mesmo ou para todos.
Mercê do trabalho, a humanidade, desde os tempos imemoriais, produziu obras maravilhosas. Quase nenhuma de alguma valia para a massa ignara que as construiu. No Egito, no México, no Peru, na Ilha de Páscoa, na Europa, na China e por aí vai. A relação é interminável, passando por jardins suspensos, palácios, templos de todo tipo e para todos os gostos. Da ermida da aldeia ao Vaticano, passando pela mesquita de Meca, Notre Dame e abadia de Westminster. Cada um pode imaginar exemplos mil. De ontem e de hoje. De longe e da vizinhança. Porém, sem me alongar, quero registrar o exemplo do Taj Mahal que dispensa descrições. Índia. Vinte anos de construção. Vinte mil operários. Milhões de indianos morrendo à míngua. E tudo que os povos nos últimos quinhentos anos registram, orgulho da humanidade é o nome do imperador Shah Jahan que o mandou construir em homenagem a sua esposa “favorita” Aryumani Manu Begam.
Milhões de indianos terão morrido em holocausto a essa paixão. Por isso, em sua próxima viagem de turismo a Índia, não deixe de visitar o Taj Mahal. E suspirar enlevado:
O amor é lindo!
Mas voltemos à expressão inicial: o índio brasileiro não gosta de trabalhar. Nem o branco, nem o preto e, repito, nem eu!
Mas o mundo há muito deixou de ser o Paraíso Terreal como vimos. Ele existe e é desse jeito. A humanidade, mesmo à revelia dos donos do mundo, principalmente das peias obscurantistas das religiões, conseguiu avanços significativos. Por isso, não sendo patrão ou herdeiro, há que trabalhar, para usufruir minimamente que seja do butim gerado pelo próprio trabalho.
Vimos também que há um outro mundo, virtual, mundiador de corações e mentes que só se consegue com muita renúncia, obediência, sofrimento e… Morrendo!
Outra opção, latente desde os primórdios filosóficos do entendimento de “ser”, é o homem livre para trabalhar para si e para os outros.
Apenas para ser feliz. Socialista!